"Agora e na Hora da Nossa Morte é o resultado de uma viagem a Trás-os-Montes para acompanhar um projecto de prestação de cuidados paliativos domiciliários. De aldeia em aldeia - numa paisagem marcada por grandes distâncias, as águias sobrevoando as estradas, e o Douro como fronteira - encontramos pessoas com pouco tempo de vida, familiares que dormem à cabeceira de camas, e o vazio deixado pelos que morrem. No lugar onde Portugal acaba e é esquecido, onde todo um modo de vida de desaparecer, num tempo de fim e perante a nossa mortalidade, começamos a perceber o que é importante."
Ler este livro é uma urgência. O tema da morte, sempre tão escondido, tão convenientemente esquecido nas palavras mais difíceis e, por isso, pouco pronunciadas, acaba apenas por ser vivido na iminência do "aqui e agora".
Infelizmente, e correndo o risco de roçar o tantas vezes repetido, não se dá a devida importância às coisas até as perdermos e este livro, majestoso na sua simplicidade, dedica-se a mostrar esses pequenos nadas que são tudo.
"(...) Começo a tentar sentir o que ele sentia.
E o que é que lhe ia na cabeça?
Isso atormenta-me muito, muito:
o que é que a pessoa que vai morrer pensa?
acredita que vai morrer?
acredita sempre?
é constante o pensamento?
não é?
tende a iludir-se?
o que é que acontece?
como é que olha para os outros?
faz filmes sobre como é que vai ser a vida dos outros?
pensa no que é que vai perder?
(p.106)
Ao som de: "Paradise" | Coldplay