Adultério (Paulo Coelho)

domingo, 28 de setembro de 2014

 
 
Já mencionei o meu pouco apreço pelas obras de Paulo Coelho. Li «Adultério» esta tarde, depois de me ter sido oferecido. Continuo a manter-me fiel à minha opinião: muito mau.
Este livro é uma afronta às pessoas que já foram magoadas. Basicamente, a história de «Adultério» resume-se a uma mulher que tem tudo para ser feliz mas não está e que vê na traição, no jogo da paixão, a única saída possível.
Para ser mais simples e rápido, vejamos pelos excertos do livro que selecionei:
 
 
Pronto. A menina tem tudo para ser feliz, mas não está. Afasta-te lá depressão, mas eu continuo mal apesar da minha bela vida, do meu querido marido, dos meus filhos e do meu trabalho no qual me sinto bem integrada.
 
 
 
A infelicidade bateu à porta de Linda, a personagem principal. Sem saber porquê, mas de um momento para o outro, sente que a vida deixou de fazer sentido. Eis que se cruza, num momento de trabalho, com o ex-namorado de adolescência. E como diz, mais ou menos assim, as almas penadas conseguem entender-se e perceber as dores. O que justifica desde logo a sua aproximação. Duas dores juntas é sempre melhor que uma. Diz-se que o cérebro só processa uma de cada vez, se calhar é por isso...!
 
 
 
 
Obviamente, depois de voltar a entrar em contacto com Jacob, antigo namorado de adolescência, toda a vida de Linda deixa, redondamente de fazer ainda menos sentido. O marido, curiosamente, nunca deixa de estar num pedestal, mas pronto, não demostra muito bem as emoções... e a vida já não tem o mesmo sabor, falta paixão. Falta a novidade!
 
 
 
 
Depois de 10 anos de casamento, Linda sente que está a desperdiçar dias e dias. E será precisamente Jacob, o antigo namorado, a resposta para o fim do desperdício. Comece a aventura o quanto antes, pelo bem do ambiente emocional de Linda. A coitadinha apaixonou-se e nem que tenha de mandar a mulher dele para a prisão, pois que seja, a sua paixão já não pode esperar mais!
 
 
 
 
Eis que começa a surgir alguma lucidez. O amor requer trabalho, pensa Linda. A sorte dela é que tem um marido disposto a aceitar uma mulher em nada sensata, equilibrada ou digna.





 
O nosso objetivo no mundo é então aprender a amar. E com tudo isto continuo com a opinião de que este livro de Paulo Coelho é uma grande afronta às pessoas que já foram traídas. Tudo bem que o tema é exatamente sobre o adultério, no entanto, a ausência plena da visão de quem é traído, a meu ver, só acentua mais as falhas graves de um tema por si só já muito delicado de se tratar.
A personagem principal é oca. Muito oca.
Se a ideia de Paulo Coelho é mostrar a necessidade de trair para, à semelhança do que muitas vezes se diz "só valorizamos quando perdemos", não me parece ter feito uma abordagem sensata, ou até realista, que tenha em conta os sentimentos de cada personagem.
 
Acredito que estamos perante um livro pouco cuidado, muito leve e conduzido pela arte de uma quase magia. Se não estamos bem, seguimos aquilo que queremos, não importa como, nem muito menos quem está ao nosso lado. Porque ele perdoa.
 
Como disse, pouco sensato.
E a vida não é assim.
 
 
 
Um bocadinho mais de maturidade emocional não fazia mal nenhum...
 
Boas leituras!
 

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