Um Grande Salto (Nick Hornby)

domingo, 26 de outubro de 2014


Suicídio (fr. e ing. suicide). Classicamente, o suicídio é o homicídio de si mesmo. E, Durkheim, em 1897, chama suicídio a qualquer caso de morte que resulte de um ato executado pela própria vítima e que ela sabia dever produzir este resultado. (Doron, R. & Parot., F. 2001) Dicionário de Psicologia
 
O que leva uma pessoa a tornar-se assassina de si mesma é uma das grandes dúvidas existenciais. É também um dos pensamentos mais recorrentes. Um dos poderes em mãos virtuoso mas tão definitivo que nos deixa naquele limbo que a muitos entretém num debate que vai entre a coragem e cobardia.
Quanto a isso, não consigo definir uma ideia concreta. Há coragem. Há cobardia. Há uma mistura doce e azeda num ato estranho, grandioso, pequenino, de atirares contigo a um abismo de neve e derreteres por ali abaixo, levando contigo um desfecho, agora, certo.
Não sei. Mas sei de uma coisa. Sei, com certeza, o que poderá levar a esse "homicídio". A esse desfecho incerto, não programado.
Nick Hornby tem uma escrita fantástica, que anda entre um vai e vem de cómico, de sarcástico e sensível, não me deixando escapatória possível a relembrar Augusten Burroughs, igualmente espetacular nessa vertente.
No dia da Passagem de Ano, Martin decide pôr termo à vida saltando do telhado de um prédio, famoso pelo número de suicídios que ali ocorre. Tão famoso que surge Maureen para fazer o mesmo. Seguindo-se Jess. E JJ. Todos no mesmo momento. Quatro pessoas que se encontram no topo de um telhado para pôr termo à vida.
E é assim, numa revelação íntima ausente de palavras, pois os atos bastaram, que nasce uma curiosa amizade, um pacto duvidoso, que acaba por conduzir a vida destas quatro peculiares pessoas.
Pessoas que poderiam ser qualquer um de nós.
 
 
 
Adaptado ao cinema, «A Long Way Down» mostra a jornada dessas quatro pessoas que depois de se unirem, mostram um pouco mais dos motivos desse ansiado "homicídio" que não chega a ocorrer.
Se uns desejam a fama, o estrelato, outros precisam de um pouco da paz restabelecida e do fim da humilhação justificada por atos impensados.
E depois há o grande "gatilho" atado em todos os motivos: o amor ou a falta dele.
Um alguém que te salve.
 
Há sempre alguém. «O Quarteto do Telhado» acabou por perceber isso de uma forma verdadeiramente tocante.
 
Um livro muito interessante pelo tema, pela abordagem, pela sensibilidade escondida e pela forma como vem ao de cima. Muito bom.
O filme vale muito a pena. Recomendo tudo.
 
 
Because maybe
You're gonna be the one that saves me

 And after all
You're my Wonderwall


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