O amor é para os fracos.
O amor tem de ser para os
fracos. Porque me recuso a entender de outra forma, mais plausível, mais
racional que esta.
O amor só pode ser para os
fracos.
Porque os fracos dão tudo
sem pensar. Pensam apenas no fim de um gesto em nada premeditado, apenas saciado
pela vontade de um momento.
O amor tem de ser para os
fracos que constroem entre si uma rede de redes de peixe morto, seco, que vai
apodrecendo em memórias fúnebres, de quem morreu sem contar. Apanhado
desprevenido. Surpreendido pela corrente da maré.
O amor é para os fracos.
Sim. O amor é para homens
e mulheres como vocês. Fracos.
Homens de um sofá de
Sábado à tarde.
Recuso-me a acreditar numa
outra possibilidade repleta de maior sentido. Não. Não me façam crer em algo
diferente, pois o amor, esse, só pode ser daqueles que não calculam a
velocidade da palavra proferida. Que não leram a Florbela e não guardaram o
segredo nos lábios da mulher e que, por isso, se tornou misteriosa, quase
sagrada, desejosa por ser descoberta.
O amor não pode ser para
esses idiotas, os outros.
O amor é para os fracos
que despem os pudores ao Sábado à noite numa busca rápida de cerveja misturada
com coca-cola. Mergulham nessas bolhas de gás, que se misturam numa dança
igualmente gasosa, entre si, e entre outro, também gasoso e esquecido de si.
Juntos, num sofá, bebidos, fazem uma memória já morta à nascença.
O amor sim, obviamente, é
para esses fracos.
O amor a termo resolutivo
certo. Para os vitoriosos fracos.
Que aos outros reste a
doce, tão doce, ironia.
Denise C.Rolo
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