Como se deve ler um livro? (Virginia Woolf)

domingo, 23 de outubro de 2016

















Sabem aqueles livros que se instalam, desavergonhadamente, na mesinha de cabeceira? Este é um deles, que veio para ficar. Um livro que eu não largaria por nada. Uma preciosidade.
Por esse motivo resolvo partilhar alguns (todos!) dos melhores ensaios que já tive oportunidade de ler desta escritora que dispensa qualquer tipo de apresentação.
 
Em «Como se deve ler um livro?» o leitor terá a oportunidade de se debruçar sobre um ensaio muito interessante com algumas sugestões da autora quanto à arte - porque é uma arte - de ler um livro.
 
Em primeiro lugar, que se pense como o escritor. É isto que pensa Woolf. Ler deve passar, num primeiro plano, por encarar e pensar o livro (e a leitura) como o autor que o criou. Só depois, passar para o outro lado, o do juiz, analisando e criticando.

Outro dos pontos a merecer destaque, é a diferenciação do género literário. A nossa disposição, enquanto leitor, não pode nem deve ser a mesma. O trabalho a encarar é, necessariamente diferente, logo, o nosso estado de espírito e entrega não pode ser igual:

"Todas as biografias e livros de memórias e todos os livros híbridos que são largamente compostos por factos servem para recobrar a energia para ler livros a sério - isto é, obras de pura imaginação."

De uma forma leve mas segura, a autora liberta, assim, algumas estratégias de leitura com base nos diferentes livros com que, ao longo da vida, o leitor se cruzará.

Mais importante de tudo, para mim, reside nessa fase final: a de criticar. Analisar o livro depois de lido na sua totalidade, não como fragmentos do que se vai lendo mas já numa fase posterior, com toda a história assimilada. Para a autora, é determinante não nos basearmos nas críticas alheias sem que antes formemos a nossa:
 
"Ler não se resume a empatia e compreensão; também é crítica e julgamento. (...) depois de o livro terminado, o leitor deve sair do banco dos réus e vir sentar-se entre os juízes. Deve deixar de ser o amigo e passar a ser o juiz."

Mais do que essa fase, portanto, segue-se depois a referida análise pessoal que só depois de bem sustentada, nos permite analisar em conjunto com outras, agora sem o risco de comprometermos as nossas próprias opiniões. A autora defende o mesmo dizendo:

"É quando melhor podemos defender as nossas próprias opiniões que mais proveito podemos tirar das deles."

Um dos ensaios que mais gostei de ler. Adivinham-se, para breve, novas resenhas sobre mais ensaios de um livro que considero obrigatório. Na mesinha de cabeceira ou noutro lugar qualquer, mas sempre perto de si.

Boas leituras.

4 comentários:

Carlos Faria disse...

Deve ser interessante, embora eu só conheça a Woolf ficcionista

Denise disse...

Muito, Carlos!

Ando verdadeiramente encantada com este livro. Sempre com ele de um lado para o outro :)
Em breve venho falar de mais ensaios, adoro a forma clara e segura com a autora expõe os mais diversos temas. Aliás, eu adoro ensaios e tem vindo a ser um género literário ao qual tenho dedicado mais a minha atenção ultimamente.
Recomendo muito!

Beijinhos

Tim disse...

Tenho aqui um dela mas ainda não li

Denise disse...

Olá Tim :)

Que livro é? Dela já li "As Ondas", era eu uma adolescente e marcou-me muito naquela altura...
Li também "Mrs. Dalloway", que recomendo!
Tenho na estante para ler "A Viagem", que me falam maravilhas.
É uma autora que gosto muito e a biografia é excecional. Li um livro da autora Alicia Giménez Bartlett, "Um Quarto que não é seu" (título inspirado num dos seus ensaios), baseado também na vida da autora, mas na perspetiva da sua empregada. Recomendo igualmente :)

Beijinhos e boas leituras!

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