Liberdade (Jonathan Franzen)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012



No presente caso, vou deixar de lado as minhas conhecidas divagações aquando do livro fechado. Vou cingir-me às quase 700 páginas de Franzen. E daí, não. Não sei se sou capaz de tamanha provação! :)
Este é um livro envolto em muitas críticas, sobretudo, pela malograda frase "O Grande Romancista do Ano" (Time).
A verdade é que estamos perante um grande livro. As questões de catalogação quanto ao grande, médio ou pequeno romancista do ano, isso já não me cabe a mim referir. A questão verdadeiramente interessante para mim é, sem dúvida, o conteúdo das (quase) 700 páginas, essas sim, grandes e dotadas de conteúdo que ficam impregnadas na mente, e na alma, após o término da leitura. Depois de Ler(-te). O que para mim é o sinónimo dos grandes livros.
Somos uma cambada de tolos. É essa a ideia central com que fico ao acabar de Ler(-te).
Liberdade: Condição do ser que pode agir livremente, isto é, consoante as leis da natureza (queda livre), da sua fantasia, da sua vontade (decisão livre). (Dicionário da Língua Portuguesa).
Somos conduzidos por três personagens principais que são tudo menos aquilo que dizem ser, sob uma cortina política que o autor faz questão de sublinhar a carvão.
A ideia de todo este enrendo é que passamos a vida a procurar o caminho nos sapatos dos outros, a melhor paisagem é a da janela da casa vizinha, a suposta felicidade vive sempre ao lado. Procuramos essa tal liberdade fora da nossa casa, cada vez mais decadente à força dos dias, onde os ideais se dissipam cada vez mais, onde tudo se torna cada vez mais cinzento, e onde nada parece fazer sentido, a não ser para lá das portas dessa mesma casa, tão ideal aos olhos dos vizinhos. Ou suspeita. Boa demais.
Um dia, porém, a força dos ideais rebenta. As amarras da moralidade já não são assim tão fortes, e parte-se, com uma coragem baça, a caminho dessa cobiçada liberdade, cheia de promessas com regressões a tempos antigos, onde viviam os melhores momentos, as certezas de felicidades não agarradas.
Somos uma cambada de tolos. A experiência de regressar a esse sonho de liberdade, afinal, só lhes faz ter a certeza de que a felicidade, de que a sensação de plenitude já a conheciam antes. Que a sempre tiveram. Era preciso perder, para saborear, agora.
A questão, no entanto, é que após a perda, o regresso nunca jamais será o mesmo. Nem sentido da mesma forma. E a liberdade essa, bem, nunca será alcançada.
Eternamente almejada.
 
Jonathan Franzen, através das vidas cinzentas de Patty, Walter e Richard retrata não só a decadência familiar, mas também o cenário político dos Estados Unidos da América, cruzando de forma muito consistente os sentimentos, valores e ideais num enredo incapaz de largar.
 
Recomendo vivamente.
 
Ao som de: John Mayer "Shadow Days"
 
Sinopse de www.wook.pt. No seu primeiro romance depois de Correcções, Jonathan Franzen dá-nos um épico contemporâneo do amor e do casamento. Liberdade capta, cómica e tragicamente, as tentações e os fardos da liberdade: a excitação da luxúria adolescente, os compromissos abalados da meia-idade, as vagas da expansão suburbana, o enorme peso do império. Ao seguir os erros e alegrias dos personagens de Liberdade, enquanto lutam para aprender a viver num mundo cada vez mais confuso, Franzen produziu um retrato inesquecível e profundamente comovente dos nossos tempos. Patty e Walter Berglund foram sempre os precursores na velha St. Paul - os aburguesados, os pais interactivos, os avant-garde da geração de alimentos biológicos. Patty era o tipo ideal de vizinha, que nos podia dizer onde reciclar as pilhas e como conseguir que a polícia local fizesse mesmo o seu trabalho. Era uma mãe invejavelmente perfeita, e a mulher dos sonhos do seu marido Walter. Juntamente com ele - advogado ambientalista, ciclista e utilizador de transportes públicos, homem de família dedicado -, Patty estava a fazer a sua pequena parte para construir um mundo melhor.
 

1 comentário:

Carla disse...

Olá Denise
Tenho este livro aqui em casa já li muitas críticas positivas e algumas menos boas.
Gostei da tua opinião acho que será uma leitura para breve, mas devo dizer que as 700 páginas me assustam;)
Boas leituras!

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