A Rapariga Que Roubava Livros (Markus Zusak)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013




Este é um livro feito de amor. Palavras de amor, que a sacudidora de palavras encontrou e desbravou. Dentro de uma palavra tão densa, intensa, e profunda como o amor deve ser, muitas outras começaram a crescer, num solo fértil de criança. Esperança. Saudade. Sonho. Crença. Nostalgia. Medo. Resistência. Confiança. Cor. Amizade.
Nesse amor às palavras que se soltam e se juntam, acompanhamos a jornada de uma menina de coração cheio num momento em que nas cores dos dias, predomina um cinzento fiel de quem lá longe fere e mata.
"Eles". Prejudicam e mudam tudo, sem que saiba bem o porquê das coisas. Tantas as palavras mas impossíveis de explicar essas fogueiras de livros apetecidos e tantas outras coisas. "Eles, quem são eles afinal?". Não sabe, pensa ela. Mas sabe o peso que "eles" depositam nos seus dias, na sua casa, nos semblantes dos seus pais e o segredo que poderá pôr tudo em causa. Um judeu escondido na cave.
Este é um livro feito de livros. Amor pelos livros. Acompanhando a pequena Liesel em cada um dos seus percursos, bons e maus. Livros roubados. Livros que flutuam. Beijos que se pedem. E se aguardam num silêncio ansioso.
A morte anuncia o fim do mundo. Avisos que vão surgindo, aqui e ali. Pequenos avisos. Pequenas bombas. Aqui e ali.
Liesel lê. Num abrigo. O livro roubado e as palavras que se soltam, são sacudidas pelo ar e tranquilizam na medida do tempo, e de quem mais nada espera.
Este é um livro feito de dor. E só o amor a entende. Assim como a ignorância entende a esperança. Que de nada saber, vai esperando por um dia diferente. Por muito que tivesse esperado, a dor do que foi jamais passaria. Pelo menos naquele momento.
Ficam os livros. Agora rejeitados pelo prazer proibido que emanam em si mesmos. Mas fica a escrita. Nasce um novo livro. Feito da dor de uma pequena que viu esse cinzento de uma morte eficaz e fiel. Feito da dor de quem criou raízes numa rua com nome de céu, agora tornado inferno desarrumado. Feito da dor do arrependimento de um beijo que fora pedido. E ignorado.
Nasce um novo livro. Um futuro.
A velha história, essa, ficará para sempre.
 
 
 
Gostei muito deste livro. O tipo de narrativa. O contexto. A escrita. E a magia em torno dos livros.
O poder quase transcendente dos livros, e da escrita, no percurso da rapariga que roubava livros é verdadeiramente encantador. 
 
 
Recomendo. Kel, tinhas toda a razão!
 
 
Ao som de:  The Smashing Pumpkins | "Disarm"

2 comentários:

Raquel disse...

Adorei o teu comentário!
Fiquei tão feliz por saber que tinhas gostado tanto como eu!!!! :)
Agora fiquei com vontade de o reler...aliás, ultimamente, tenho andado cheia de vontade de reler alguns do meus livros preferidos :p
Beijinhos

Denise disse...

Um livro lindo! Gostei muito!
O teu incentivo ajudou até que finalmente lá saltou da estante e me decidi a lê-lo, e já não conseguia parar! :)
Curiosamente também tenho ponderado alguns livros que gostaria de reler...

Beijinhos **

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