Quem leu «Orgulho e Preconceito»
dificilmente esquece o ambiente, o enredo e todas as personagens que dão forma
a este clássico incontornável. Jane Austen ficou notoriamente conhecida pela
sua escrita nebulosamente mordaz e crítica às práticas impostas na sociedade,
particularmente, no papel de uma mulher submissa que vê no casamento a suposta
liberdade de movimentos. Uma liberdade que faz assim o objetivo primordial da
vida da mulher com todos os adornos que tal implica levando, muitas vezes, a
uma histeria que faria Sigmund Freud rever teorias…
Em «Longbourn: Amor e Coragem»
o leitor tem a oportunidade de voltar a este conhecido ambiente de Jane Austen
mas sob o ponto de vista afiado dos criados da família Bennet.
As particularidades da vida desta família atrás desta cortina revelam
cenários interessantes e que acabam por complementar determinadas passagens,
permitindo alastrar a imaginação e pular, se assim podemos dizer, de livro para
livro, numa mistura, no mínimo, curiosa. Ler um livro em mãos, com um outro em
mente.
De uma forma geral, estamos perante um livro que em termos de densidade
de escrita não ultrapassa barreiras, contudo, com essa peculiaridade que o liga
ao clássico de Jane Austen, acaba por se tornar interessante sobretudo pelos
olhos dos criados que sofrem as madrugadas frias de quem prepara os
pequenos-almoços e lava penicos, mas que têm o coração exatamente no mesmo
lugar, preparados para amar exatamente com a mesma intensidade.
Boas leituras!
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