No Café da Juventude Perdida (Patrick Modiano)

sábado, 8 de novembro de 2014

 
 
A meio do caminho da verdadeira vida,
encontrávamo-nos rodeados por uma angustiante
melancolia, expressa por tantas
palavras tristes e deprimentes, no café da
 juventude perdida.
GUY DEBORD
 
 
 
"(...) se Louki entrou no Condé pela primeira vez em Outubro, foi por ter rompido com uma parte da sua vida e querer COMEÇAR DE NOVO, como se lê nos romances." (p.17) 
O livro de Patrick Modiano, de sensibilidade acrescida e repleto de personagens sofisticadas do ponto de vista psicológico, traz-nos uma história que de tão simples se torna, paradoxalmente, complexa pelos sentimentos que despoletam.
Louki, mulher que surge de um nada em nada vazio, parece capaz de mudar a perspetiva e a vida de todos por quem cruza. Nesse seu mistério de quem diz as palavras erradas mediadas pelo silêncio das corretas. Apenas para os mais atentos.
Uma mulher. Um café. E uma juventude perdida. Em si mesma, ou numa sociedade que terá já pouco para oferecer. Mas mais importante ainda, os meandros de cada um e aquilo que a si mesmo poderá oferecer.
É em Louki que toda essa jornada acelera, e todas as questões nascem como cogumelos em dias de chuva, assim, numa rapidez que estonteia e deseja respostas num aqui e agora, impossível de obter. Impossível. Pois como se pode pôr mão nos afetos de cada um, sem pedir licença para entrar?
 
"-Nunca compreendi por que razão...Quando amamos verdadeiramente alguém, importa aceitar a sua parte de mistério..." (p.104)
 
Mundo complicado esse, o teu, Louki. Mundo complicado esse, que engloba toda uma juventude perdida que entre dúvidas e respostas, aqui e além, caminham somente na certeza da dúvida.
Na dúvida de não se escreverem as mais belas histórias. Com fins improvisados à força de um sentir descontrolado, que salta para fora de si mesmo.
Nessa complexa simplicidade.
 
 
 
Mr Writer, why don't you tell it like it is?
 
 
"Toda aquela claridade cintilava em mim como uma luz, viva, radiosa. E assim será, até ao fim." (p.110)
 
 
 
Patrick Modiano, escritor francês, laureado com o Prémio Nobel de Literatura 2014.
Primeira obra que desbravo.
Em nada insatisfeita.
 
Recomendo.
Boas leituras.




Ao som de: "Stereophonics - Mr Writer"

2 comentários:

teresa dias disse...

Olá Denise,
Vim "espreitar" o teu cantinho.
Excelentes leituras.
Já comprei "O Pintassilgo" mas ainda não arranjei coragem para o ler. É enorme!
Vou aguardar por Janeiro para um início de ano "em grande".
Bjs.

Denise disse...

Obrigada pela visita Teresa!

"O Pintassilgo" é de facto muito grande mas está a ser uma leitura que compensa em muito as quase 900 páginas! ;)

Beijinhos e boas leituras

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